Montadoras tradicionais enfrentam crises enquanto marcas chinesas estão em ascensão. O Brasil, mais do que um mercado, tornou-se o tabuleiro onde se joga o futuro da indústria automobilística mundial. Vamos explorar o que está acontecendo com gigantes como a Volkswagen e Stellantis, e como o Brasil está no centro dessa disputa.
As montadoras tradicionais, especialmente as americanas e europeias, estão passando por momentos difíceis. A Stellantis e a Volkswagen, líderes de mercado no Brasil, estão enfrentando situações complexas. A Stellantis, por exemplo, surgiu em 2020 da fusão entre Fiat Chrysler e PSA Peugeot, com o objetivo de reduzir custos e acelerar a eletrificação. No entanto, a pandemia bagunçou as cadeias produtivas e as vendas não se recuperaram globalmente.
Desafios enfrentados pelas montadoras tradicionais
No mercado americano, onde a Stellantis tem forte presença com marcas como Jeep, RAM e Dodge, as vendas estão estagnadas. As metas de produção e os preços dos carros subiram, gerando dificuldades para manter o estoque nas concessionárias. O portfólio de elétricos da Stellantis é limitado, e a demanda por elétricos puros está caindo, o que dificulta o retorno dos investimentos na eletrificação.
O CEO da Stellantis tentou cortar custos, mas enfrentou resistência de sindicalistas e executivos, levando-o a abandonar o cargo e aprofundar a crise. Já a Volkswagen, que reúne marcas como Audi, Lamborghini e Bentley, enfrenta desafios semelhantes, com vendas globais fracas e altos investimentos em carros elétricos que não atraíram o público.
Ascensão das marcas chinesas
Enquanto as montadoras tradicionais enfrentam dificuldades, as marcas chinesas, como BYD e GWM, estão expandindo rapidamente. A China, maior fabricante de carros do mundo, tornou-se também a maior exportadora. Isso é resultado de um plano de décadas do governo chinês para dominar a cadeia produtiva dos carros elétricos.
A capacidade de produção da China permite que marcas como BYD produzam até 80% dos componentes dos seus carros. A China possui programadores, softwares, fábricas, máquinas industriais, mão de obra barata, logística e, principalmente, baterias, que representam até 60% do custo de um carro elétrico.
Impacto no Brasil
O mercado automotivo brasileiro, com cerca de dois milhões de carros vendidos anualmente, é significativo. Enquanto as vendas caem globalmente, elas aumentam no Brasil, mesmo com o desaparecimento do carro popular. A eletrificação ainda é pequena, mas ganha força com a entrada de montadoras chinesas.
Marcas como BYD e GWM já estão presentes, e outras devem entrar no mercado brasileiro em breve. O Brasil reintroduziu o imposto de importação para veículos eletrificados, mas criou incentivos fiscais para montadoras que investem na produção de veículos sustentáveis, atraindo empresas como Stellantis e Volkswagen.
Investimentos no Brasil
Stellantis anunciou investimentos de 30 bilhões de reais no Brasil até 2030, enquanto a Volkswagen prometeu 16 bilhões. A Toyota e a GM também planejam investimentos significativos. No total, mais de 100 bilhões de reais em investimentos de montadoras estrangeiras estão previstos para os próximos anos.
Esses investimentos podem beneficiar o Brasil, que se encontra no centro da disputa global entre montadoras tradicionais e chinesas. As marcas chinesas querem ganhar espaço e estão investindo, enquanto europeus, americanos e japoneses buscam manter sua posição no mercado brasileiro.
O Brasil está no epicentro de uma batalha global entre montadoras tradicionais e marcas chinesas emergentes. Com investimentos significativos em jogo, o país tem a oportunidade de se beneficiar dessa disputa, fortalecendo sua posição no mercado automotivo global. O futuro dessa indústria poderosa e da batalha comercial entre as maiores economias do mundo passa pelas fábricas brasileiras e pela garagem dos consumidores.